Semana passada, falei sobre a origem da palavra Natal. Mas faltou dizer que, enquanto o português denomina essa data com uma palavra de origem culta, tomada de empréstimo ao latim Natalis, outras línguas empregam termos hereditários, que sofreram ao longo dos séculos todo o processo da evolução fonética. É assim com o galego Nadal, em que o t intervocálico do latim se transmutou em d num fenômeno evolutivo bem conhecido. A mesma palavra latina deu o francês Noël, cuja mutação fonética foi ainda mais severa que em galego. Em espanhol, temos Navidad, do latim Nativitatem, a natividade de Jesus.
Nas línguas germânicas, as origens da palavra para Natal são diversas: em inglês, Christmas provém de Christ mass, a missa de Cristo; o alemão Weihnachten significa “noites sagradas” e refere-se às noites de inverno que já eram celebradas pelos antigos germanos antes do cristianismo, assim como o sueco Jul (e também o inglês Yule), festa nórdica pagã que depois assumiu o sentido cristão atual.
Nosso Papai Noel veio do francês Père Noël, literalmente o Pai Natal (por sinal, é assim que o bom velhinho é chamado em Portugal). Na Inglaterra, ele é o Father Christmas, expressão em tudo equivalente às portuguesas e à francesa. Já nos Estados Unidos, prevaleceu Santa Claus, corruptela do holandês Sinter Klaas ou Sinter Klaes (São Nicolau) devido à grande influência que os holandeses tiveram na colonização americana. Em alemão temos Weihnachtsmann, o homem do Natal.
Já que falamos em Papai Noel, é curioso que aqui no Brasil utilizemos o nome francês da data natalina enquanto os portugueses parecem mais nacionalistas a esse respeito. Igualmente, a palavra Réveillon é muito usada no Brasil e na França (claro, os franceses são os criadores do termo!). Em outros países, preferem-se outras denominações, como o inglês New Year’s Eve (Véspera do Ano Novo). O francês Réveillon vem do verbo réveiller (acordar, ficar acordado) e designava, originalmente, o jantar da noite de Natal; depois passou a referir-se à ceia da véspera do Ano Novo e, finalmente, à própria virada do ano.
Então feliz 2021 a todos! Que no novo ano tenhamos a cura da pandemia, mas principalmente a cura do egoísmo que leva pessoas a se aglomerar em festinhas e nações a comprar mais vacinas do que o necessário para vacinar toda a sua população.
No seu texto de hoje, professor, “pessoas a se aglomerar” ou caberia o plural: pessoas se aglomerarem? Por favor, me ensine. Concordância verbal é sempre difícil. Obrigada.
CurtirCurtido por 1 pessoa
Segundo a gramática normativa, ambas as flexões estão corretas. Mas tenho argumentos lógicos e linguísticos para defender que, se não estivermos diante de oração subordinada reduzida de infinitivo, o infinitivo pessoal não cabe. Defenderei esse ponto de vista oportunamente num artigo neste blog. Mas só ano que vem, tá? Feliz 2021!
CurtirCurtir
Aldo. Belíssimo texto. Sua mensagem ao final é muito pertinente. Feliz ano 2021!
CurtirCurtido por 1 pessoa
Feliz 2021 também para você e os seus (no caso, as suas rs rs).
CurtirCurtir
Feliz Ano Novo!
Obrigada por tantos esclarecimentos ao longo de 2020.
Que venham mais!
CurtirCurtir
Feliz Ano Novo, Selma! Eu é que agradeço pela sua audiência durante este ano. Espero poder continuar contando com ela em 2021.
CurtirCurtir