Prof. Aldo, boa tarde. Qual é a origem da palavra “maricas”, que o Presidente Bolsonaro empregou? Obrigado.
Wanderson Simões dos Santos, Cuiabá, MT
Caro Wanderson, a palavra maricas, que significa “homem efeminado”, “homossexual masculino”, “fofoqueiro” e também “indivíduo medroso”, é um diminutivo de Maria, portanto é o mesmo que Mariazinha. Aliás, no passado era comum que mulheres jovens chamadas Maria tivessem como apelido Maricas, Maricota ou Mariquinhas. Esse xingamento, muito popular décadas atrás, hoje em dia anda meio fora de moda, substituído por termos mais fortes, como bicha, veado, etc. A ideia é comparar um homem a uma menininha e, assim, pôr em dúvida ao mesmo tempo a sua masculinidade e a sua maturidade.
Entre as crianças, é – ou era, sei lá – atributo geralmente aplicado ao garoto tido pelo grupo como muito medroso, não necessariamente efeminado ou homossexual. Em tempos de politicamente correto, esse insulto tem carga fortemente homofóbica.
Curiosamente, tal ofensa também existe em espanhol, de onde provavelmente importamos a palavra. Na língua de Cervantes, temos Marica e maricón, o primeiro datando de 1599, e o segundo, de 1517, o que parece estranho se pensarmos que maricón é aumentativo, e portanto derivado, de Marica. Mas é que a data do primeiro registro escrito de uma palavra (a que nós etimologistas damos o nome de terminus a quo) não corresponde necessariamente ao próprio nascimento da palavra. Por isso, é provável que Marica tenha nascido antes de maricón. Este último ainda se usa aqui na América espanhola com o significado original de “maricas, homossexual”; já na Espanha o sentido evoluiu para “sodomita”.
Uma advertência: existe em português o substantivo marica com o significado de “fina faixa de carne sob a pele do ventre”, que, nos mais gordinhos (ou melhor, nas pessoas portadoras de excesso de tecido adiposo), é popularmente conhecido como “pneuzinho”. No entanto, esse substantivo não tem nenhuma relação com o injurioso maricas, de que estamos tratando aqui.
Ótimo, Aldo. Vê-se que o epíteto usado pelo presidente não se ajusta ao comportamento dos que se cercam de cuidados para evitar a contaminação pelo coronavírus. Foi mais uma bola fora!
A definição aproxima muito dos procedimentos do Bolsonaro, só falta descobrir se a prova máxima está dentro do armário. Fofoqueiro, medroso, mentiroso, dono de muitos repentes de bicha louca, sem palavra, sem nada, genocida, pançudo, vingativo, injusto, pai da raspadinha, miliciano, incompetente, etc.