Dr. Aldo, poderia me explicar por que razão falamos “dê-ká-vê” para DKW mas “bê-eme-dábliu” para BMW, se ambas as palavras, mesmo significando coisas diversas, terminam com a mesma letra W? Grato, e parabéns pelos artigos em Língua Portuguesa.
Antonio Adroaldo de Andrade
A resposta a essa pergunta é simples. Quem é um pouco mais velho deve se lembrar que, até algumas décadas atrás, não só o DKW era chamado de “dê-ká-vê” como também o BMW era chamado de “bê-eme-vê”. Havia até uma piada em que o pobre dizia possuir uma “bê-eme-vê”, isto é, uma Brasília Muito Velha rs. Mas por que essas siglas se pronunciavam assim? É que é dessa maneira que os alemães pronunciam (em alemão, a consoante W se chama “vê” e a consoante V se chama “fau”), e os brasileiros costumavam nomear esses carros à moda alemã.
O que aconteceu foi que o DKW deixou de ser fabricado ainda na década de 1960 e o BMW, que era importado, tornou-se raro pela mesma época (talvez resultado da implantação da indústria automobilística no Brasil). Somente nos anos ’90, com a abertura do mercado automobilístico brasileiro às importações promovida pelo governo Collor, voltamos a ter a marca BMW no Brasil. Só que o público desse produto, na maioria jovens que não viveram nos anos ’60, não tinha mais conexão com o hábito de pronunciar “bê-eme-vê”, como faziam os mais velhos. E por isso começou a pronunciar “bê-eme-dábliu”, à moda brasileira.
Hoje, mesmo as pessoas mais velhas acabaram aderindo a esta última pronúncia por pressão do uso, de modo que a pronúncia “bê-eme-vê” está praticamente extinta. No entanto, o bom e velho DKW continua sendo chamado de “dê-ká-vê” por tradição, já que a pronúncia “dê-ká-dábliu” nunca existiu (ou, se existiu um dia, nunca pegou).
Em resumo, essa incoerência de pronúncias é o resultado de uma lacuna linguística entre gerações.
Great reading yyour blog post