DISCLAIMER: Este texto contém ironia.
Eu não disse que voltava? Pois é, voltei! Dando prosseguimento à minha lista de palavras e expressões que devem ser banidas da língua portuguesa ou reformuladas por serem politicamente incorretas e ofensivas a grupos sociais minoritários, trago hoje as seguintes:
• “ameríndios”: se não há índios e sim indígenas ou povos originários, por coerência os ameríndios terão de ser agora chamados de “amerindígenas” ou “ameroriginários”;
• “bolo nega maluca” e “Samba do Crioulo Doido”: diante do desrespeito tanto a uma etnia quanto a uma condição de saúde, o confeito deve passar agora a ser denominado “bolo mulher afrodescendente com distúrbios cognitivos” e o famoso samba composto pelo cronista e humorista Estanislau Ponte Preta deve ser rebatizado para “Samba do Afrodescendente com Problemas Psiquiátricos”;
• “rainha da cocada preta”: com base nos exemplos anteriores, deixo aos leitores a tarefa de deduzir a nova versão dessa expressão racista;
• “pneu careca”: em respeito aos calvos, será chamado de “pneu com deficiência capilar”;
• “olho gordo”: para evitar gordofobia, o chamado mau-olhado passaria agora a ser conhecido como “olho portador de obesidade” (ou “de sobrepeso”, se preferirem).
• “Terça-Feira Gorda”: pelo mesmo motivo da expressão anterior, passa a ser agora “Terça-Feira Plus Size”;
• “Branca de Neve e os Sete Anões”: já que anão passou a ser termo depreciativo, teremos “Branca de Neve e as Sete Pessoas com Nanismo”;
• “matar as bichas”: além de homofóbica, essa expressão incita à violência contra os homossexuais; portanto, não pode sequer ser substituída, deve ser banida mesmo;
• “gesto nobre”: será que só os portadores de título de nobreza é que têm bom coração? Isso é uma discriminação contra quem não tem sangue azul. Portanto, a expressão agora será “gesto plebeu”.
Também alguns nomes próprios terão de ser alterados, em alguns casos até em respeito póstumo aos seus portadores. É o caso do escultor mineiro Aleijadinho, que a partir de agora figurará nos livros de história como Pessoinha com Deficiência ou então Portadorzinho de Necessidades Especiais. Do mesmo modo, o Negrinho do Pastoreio passará obviamente a ser o Afrodescendentezinho do Pastoreio. Igualmente, o Rio Negro, no estado do Amazonas, será agora o Rio Afrodescendente (essa mudança incluiria o nome artístico daquele famoso cantor sertanejo que faz dupla com o Solimões). O Rio das Velhas, em Minas Gerais, se tornará o Rio das Senhoras Idosas ou então o Rio das Senhoras da Terceira Idade. Já a cidade de Palmeira dos Índios, em Alagoas, terá seu nome mudado para Palmeira dos Povos Originários. Finalmente, o Morro dos Macacos, no Rio de Janeiro, terá de receber outra denominação para que não pensem que o nome é uma alusão racista aos moradores do referido morro.
Aproveitando a oportunidade, também sugiro as seguintes alterações em expressões correntemente usadas no dia a dia, as quais ninguém até agora percebeu que são sexistas:
• “o pai ou responsável pela criança” → “o pai, a mãe (ou “e pãe”, no caso de pessoa não binária) ou responsável pela criança”;
• “o dinheiro do contribuinte” → “o dinheiro do contribuinte e da contribuinta”;
• “Dia dos Namorados” → “Dia dos Namorados, Namoradas e Namorades”;
• “título de eleitor” → “título de eleitor, eleitora e eleitore”.
Só assim teremos um Brasil mais justo e inclusivo.