Outro dia, um coronel da Polícia Militar de São Paulo declarou no rádio que as ações policiais na cracolândia paulistana estão permitindo dar maior atendimento ao drogadito. Drogadito?! Seria isto um diminutivo carinhoso de drogado, assim como temos rapaz/rapazito, cabra/cabrito, e assim por diante? Só depois de algum tempo entendi que ele se referia ao droga-adicto, isto é, àquele que tão bem conhecemos como viciado em drogas. Em outra ocasião, uma assistente social falava também ao rádio sobre as estratégias de combate à adição. Pensei comigo: mas por que combater a adição?! E por que não a subtração e a divisão, operações aritméticas tão mais perniciosas que a adição, já que diminuem o resultado ao invés de aumentá-lo? Mais uma vez não se tratava de adição, mas de adicção, isto é, vício em drogas, dependência química.
Ora, essas palavras estranhas nada mais são do que decalques malfeitos a partir do inglês addiction e drug addict. Esse tipo de decalque — como chamar educador artístico de “arte-educador”, na esteira do inglês art educator, me parece pura macaquice. Em especial porque já possuímos termos próprios em nossa língua para expressar tais conceitos. Qualquer falante do português sabe o que é um viciado; já um adicto…