No dia da Independência, a origem da palavra

Acho nossa data nacional, o Sete de Setembro, uma expressão bastante sonora e, portanto, retumbante como devem ser as datas nacionais. E é retumbante talvez pela reiteração do número sete no nome do mês – em documentos medievais, setembro chegava a ser grafado como 7bro –, embora saibamos que setembro não é o sétimo e sim o nono mês do ano. A explicação para esse desencontro entre número e mês o leitor pode conferir no vídeo “Abril tem a ver com abrir?”, no meu canal do YouTube.

Mas hoje quero falar sobre a origem da palavra independência. Segundo a maioria dos dicionários, independência deriva por prefixação do substantivo dependência, que por sua vez provém do adjetivo dependente, por sua vez do verbo depender, sendo este empréstimo do latim dependere.

Na verdade, as palavras independência, dependência e dependente vieram todas do francês, cujos registros mais antigos são anteriores aos nossos. Mas, de fato, depender, assim como o francês dépendre, proveio do latim dependere, formado de de‑, “para baixo” e pendere, “pender, estar pendurado”. Portanto, “depender” é literalmente “pender para baixo, estar pendurado (em algo ou alguém)”.

É muito interessante essa visão da dependência como a situação de alguém que só se sustenta em pé ou no ar na medida em que pende (por uma corda, por exemplo) de alguém ou de algum lugar. Isso significa que o dependente pode cair a qualquer momento se a pessoa ou coisa que o sustenta retirar seu apoio, mais ou menos como cabides pendem de um varão, roupas pendem de um varal ou filhos menores dependem dos pais. Isso vale também para a dependência química, em que a abstinência provoca intenso mal-estar.

Como resultado, independência é a condição de quem não está amarrado a nada, de quem não precisa de nada ou ninguém em quem se pendurar. O que me faz questionar se somos de fato uma nação independente. Mas isso já é outra história.

Bom final de feriado a todos!

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